O não-lugar como destino turístico em Plateforme, de Michel Houellebecq

Ana Filipa Prata

Resumo


Este artigo centra-se na análise da representação do turismo de massas no romance Plateforme (2001), de Michel Houellebecq, problematizando-a em relação ao conceito de “não-lugar”, definidor dos espaços “sobremodernos” que se multiplicam no mundo globalizado e se caracterizam pela ausência de valores históricos, identitários e relacionais. Sendo o universo do turismo o elemento central do enredo do romance, analisa-se não apenas a sua configuração enquanto experiência disfórica de viagem, mas também o seu valor de simulacro, partilhado por hotéis e aeroportos que constituem plataformas de transbordo de uma mesma lógica capitalista que o sustenta. Através da dissecação dos mecanismos de produção e de consumo dos circuitos de aventura e dos clubes de férias, que acabam por derivar para o âmbito do turismo sexual na Tailândia, esta obra expõe ironicamente uma sociedade ocidental alienada que procura nos destinos exóticos e nas estadias à la carte um escape à vida quotidiana.

Palavras-chave


literatura e turismo; Michel Houellebecq; não-lugares; Plateforme

Texto Completo:

PDF