Meios de hospedagem rural no Brasil como signo de coletivização e socialização

Luciano Tricárico, Isadora Modesti

Resumo


Estudos de meios de hospedagem não têm se pautado por atributos espaciais de investigações acadêmicas como signo para coletivização e socialização, as quais são premissas para consenso em soluções de demandas sociais. O objetivo da pesquisa foi demonstrar coletivização e socialização em espaços de meio de hospedagem rural no Brasil. A metodologia se caracterizou como qualitativa e descritiva, utilizando-se bibliografia e fontes em dados primários e secundários, leitura do espaço in loco e fotografias dos espaços do objeto de pesquisa como suporte para leitura espacial. Os dados coletados foram descritos à luz dos métodos teóricos da Semiótica peircena, em seu conceito de abdução, seguidos da Teoria da Montagem de Walter Benjamin. Os resultados demonstraram coletivização e socialização em espaços de meio de hospedagem rural no objeto estudado (Espaço Rural Clarear, Camboriú, SC, Brasil), indiciando espaços para ações cívicas e decisões de demandas sociais em espaços rurais no Brasil.

Palavras-chave


Espaço; semiótica; coletivização; socialização; meio de hospedagem rural

Texto Completo:

PDF

Referências


Abrahão, S. L. (2008). Espaço público: Do urbano ao político. Annablume/Fapesp.

Albuquerque, M. C. B. & Dias, D. M. dos (2019). O direito à cidade nos interstícios do espaço público: Parklets para que e para quem? Revista de Direito da Cidade, 11(3), 347-375. https://doi.org/10.12957/rdc.2019.38408

Antonini, D. (2021). Public Space and Political Experience: An Arendtian Interpretation. Lexington Books.

Arama, F., Solgib, E. & Holdenb, G. (2019). The role of green spaces in increasing social interactions in neighborhoods with periodic markets. Habitat International, 84, 24-32. https://doi.org/10.1016/j.habitatint.2018.12.004

Araújo, L. (2012). A colaboração como base para o planejamento turístico e territorial. In L. N. Coriolano, & F. P. Vasconcelos (Orgs.), Turismo, território e conflitos imobiliários (pp.381-392). EdUECE.

Balula, L. (2010). Espaço público e criatividade urbana: A dinâmica dos lugares em três bairros culturais. Cidades – Comunidades e Territórios, 20-21, 43-58. https://doi.org/10.7749/citiescommunitiesterritories20-2121

Barthes, R. ([1964] 1971). Elementos de semiologia. (Trad. A. Lorendini & A. Anichand). Cultrix.

Bauer, T. (2018). Depoimento – out. 2018 [entrevista concedida aos autores]. Camboriú (SC, Brasil): Espaço Rural Clarear.

Bauman, Z. ([2000] 2011). Modernidade líquida. (Trad. P. Dentzien). Zahar.

Benjamin, W. (2007). Passagens. (Trad. C.P.B. Mourão). Editora da UFMG/Imprensa Oficial de São Paulo.

Benjamin, W. (1994). Magia e técnica, arte e política: Ensaios sobre literatura e história da cultura. (Trad. S. P. Rouanet). Brasiliense.

Blok, A. & Meilvang, M. L. (2014). Picturing urban green attachments: Civic activists moving between familiar and public engagements in the city. Sociology, 49(1), 19-37. https://doi.org/10.1177/0038038514532038

Bouchard, L. M. & Wike, T. L. (2022). Good as gone: Narratives of rural youth who intend to leave their communities. Rural Society, 31(2), 69-86. https://doi.org/10.1080/10371656.2022.2084584

Bourdieu, P. ([1973] 1980). A opinião pública não existe. In M. Thiollent (Org.), Crítica metodológica, investigação social e enquente operária (pp. 137-151). São Paulo: Polis.

Bray, D. (2005). Social space and governance in urban China. Stanford: Stanford University Press. https://doi.org/10.1515/9781503624924

Canzi, I. & Teixeira, M. M. (2017). A produção do espaço jurídico-político da cidade: Uma abordagem a partir da teoria de Henri Lefebvre. Revista de Direito da Cidade, 9(4), 1815-1833. https://doi.org/10.12957/rdc.2017.28825

Caravaglia, J. C. & Gelman, J. (1998). Mucha tierra y poca gente: Un nuevo balance historiográfico de la historia rural platense (1750-1850). Historia Agraria, 5, 29-50.

Castoriadis, C. (1975). L’institution imaginaire de la societé. Seuil.

Coopex Unibrasil (2003). Conversa com Décio Pignatari. Cadernos da Escola de Comunicação, 1(1), 11-19.

Coriolano, L. N., & Vasconcelos, F. P. (2012). Turismo, território e conflitos imobiliários. EdUECE.

Costa, A. M. (2014). Espaço físico urbano e a participação social: A importância da compreensão dos conceitos. Revista de Direito da Cidade, 6(1), 168-179. https://doi.org/10.12957/rdc.2014.10706

Cunningham, J. (2013). Georg Simmel’s spatial sociology and tutoring centers as cultural spaces. The Learning Assistance Review, 18(2), 7-16.

Damatta, R. (1997). A casa e a rua. Rocco.

Daniels, T. (1991). The purchase of development rights. Preserving agricultural land and open space. Journal of the American Planning Association, 57(4), 421-431. https://doi.org/10.1080/01944369108975517

Deák, C. & Schiffer, S. R. (2010). O processo de urbanização no Brasil. Edusp.

Decker, K. (2009). A experiência do local como fator de concorrência à internacionalização. In S. Furtado & R. Sogayar (Orgs.), Hospitalidade: Um relacionamento global de conhecimentos e atitudes (pp. 67-78). LCTE Editora. Domblás, U. (2015). Structural Studies, Repairs and Maintenance of Heritage Architecture XIV. C.A. Brebbia, Wessex Institute of Technology, UK and S. Hernández, University of La Coruña.

Dowbor, L. (1993). Espaço local, atores sociais e comunicação. Comunicação & Sociedade UMESP, 19(11), 9-29. https://doi.org/10.15603/2175-7755/cs.v0n19p9-29

Duarte, E. & Mega, R. (2008). Frontões e tímpanos dos séculos XIX e XX em Lisboa. Arte Teoria, 11, 154-178.

Epstein, I. (2002). O signo. Ática.

Ferrara, L. D´A. (1999). Olhar periférico. Edusp.

Ferrara, L. D´A. (2000). Os significados urbanos. Edusp/FAPESP.

Ferrara, L. D´A. (2005). Leitura sem palavras. Ática.

Flandrin, J.-L. & Montanari, M. (1998). História da alimentação. Estação Liberdade.

García, J. L. (2009). Antropología de la alimentación: Perspectivas, desorientación contemporânea y agenda de futuro. In A. Garrido (Org.), Comida y cultura: Nuevos estúdios de cultura alimentaria (pp.25.61). Universidad de Córdoba.

Gil, A. C. (2008). Métodos e técnicas de pesquisa social. Atlas.

Gotman, A. (1997). La question de l’hospitalité aujourd’hui. Seuil.

Groff, A., Maheirie, K. & Prim, L. (2009). The experience of collectivization in a MST (Landless People’s Movement) land reform settlement. Revista de Psicologia Política, 9(17), 113-128.

Guzzatti, T. C., Sampaio, C. A. C. & Coriolano, L. N. M. T. (2013). Turismo de base comunitária em territórios rurais: Caso da Associação de Agroturismo Acolhida na Colônia (SC). Revista Brasileira de Ecoturismo, 6(1), 93-106. https://doi.org/10.34024/rbecotur.2013.v6.6230 Habermas, J. (1981). Teoría de la acción comunicativa. (Trad. Manuel Jimenez Redondo). Taurus.

Hambleton, R. (2015). Power, place and new civic leadership. Local Economy, 30(2), 167-172. https://doi.org/10.1177/0269094215570563

Hamburger-Fernandez, Á. A. (2013). Human development and quality of life in Latin America: Public space and citizenship in ethical perspective. Revista Latinoamericana de Bioética, 13(2), 32-47. https://doi.org/10.18359/rlbi.593

Hershatter, G. (2006, November). The gender of memory: Rural women and collectivization in 1950s China. Annals of Coloquiam Series of the Program in Agrarian Studies. Yale University.

Holanda, S. B. de (1995). Raízes do Brasil. Cia. das Letras.

HØy-Petersen, N., Woodward, I. & Skrbis, Z. (2016). Gender performance and cosmopolitan practice: Exploring gendered frames of openness and hospitality. The Sociological Review, 64(4), 970-986. https://doi.org/10.1111/1467-954X.12390

Jellicoe, G. & Jellicoe, S. (1995). El paisaje del hombre. Gustavo Gili.

L’Aoustet, O. & Griffet, J. (2004). Sharing public space. Youth experience and socialization in Marseille’s Borely Park. Space & Culture, 7(2), 173-187. https://doi.org/10.1177/1206331203254041

Lashley, C. (2015). Hospitalidade e hospitalidade. Revista Hospitalidade, 12(n. especial), 70-92.

Laurence, R. & Newsome, D. (2012). Rome, Ostia, Pompei: Movement and space. Oxford University Press.

Lefebvre, H. ([1974] 1991). The production of space. Trad. Donald Nicholson. Wiley.

Lemos, C. A. C. (1976). Cozinhas, etc. Perspectiva.

Leon, E. A. (2017). Habitar la orilla de los lugares colectivos y la estructura de la ruralidad en el Valle Central de Chile: Una revisión de tipos y casos. Revista Arquitecturas del Sur, 35(1), 56-65. https://doi.org/10.22320/07196466.2017.35.051.06

Lindström, L. & Öqvist, A. (2013). Assessing the meeting places of youth for citizenship and socialization. International Journal Social Sciences & Education, 3(2), 446-462.

Lourenço, D. B. & Fernandes, E. N. (2019). As contribuições da democracia deliberativa de Jürgen Habermas para um direito à cidade mais efetivo. Revista de Direito da Cidade, 11(4), 392-410. https://doi.org/10.12957/rdc.2019.42441

Marconi, M. de A. & Lakatos, E. M. (2017). Fundamentos de metodologia científica. Atlas.

Marples, D. R. (1991). Toward a thematic approach to the collectivization campaign in the Soviet West (1948-56). Canadian Slavonic Papers/Revue Canadienne, 33(3/4), 285-300. https://doi.org/10.1080/00085006.1991.11091966

Martsinkovskaya, T., Chumicheva, I. & Khuzeeva, G. (2018). Socialization in multicultural space: Determinations and conditions. Universal Journal of Psychology, 6(2), 60-66. https://doi.org/10.13189/ujp.2018.060203

Mattos, P. de V. F. B. (2015). O clássico e suas transições históricas. LCTE.

Maximov, N. G. (2016). The impact of socialization on collaborative group work: A ritual perspective. (unpublished Master’s thesis). University of North Carolina, Charlotte, North Carolina, United States.

Montadon, A. (2003). Hospitalidade ontem e hoje. In A. Dencker, & M. S. Bueno (Orgs.), Hospitalidade: cenários e oportunidades (pp.131-143). Pioneira Thomson Learning.

Moreira, C. S. da C., Casotti, L. M. & Campos, R. D. (2018). Consumer socialization in adulthood: Challenges and directions for research. Cad. EPABE.BR, 16(1), 119-134. http://dx.doi.org/10.1590/1679-395157008

Morell, I. A. (2012). Collectivization and the transfer of soft capital in two life stories from Hungary. Ager - Revista de Estudios sobre Despoblación y Desarrollo Rural, 13, 125-153.

Navarrete, M. C. (2017). Formas sociales organizativas en los palenques de las Sierras de María, siglo XVII. Historia y Espacio, 13(48), 19-44. https://doi.org/10.25100/hye.v13i48.4688

Nunes, F. A. (2017). Direitos de propriedade, agricultura e controle social: Representações oficiais sobre aldeamentos de índios e colônias agrícolas da Amazônia, décadas de 1840-1880. Historia agraria: Revista de agricultura e historia rural, 71, 79-107.

Oh, H. & Jeong, M. (2010). Evaluating stability of the performance-satisfaction relationship selected lodging market segments. International Journal of Contemporary Hospitality Management, 22(7), 953-974. http://dx.doi.org/10.1108/09596111011066626

Pamplona, D. A. & Carvalho Jr., M. R. de (2017). As cidades e a participação democrática: Possíveis inovações na política urbana brasileira no pós-1988. Revista de Direito da Cidade, 9(1), 78-101. https://doi.org/10.12957/rdc.2017.25764

Peirce, C. S. (1974a). La ciencia de la semiótica. Nueva Visión.

Peirce, C. S. (1974b). Collected papers. Harvard Press.

Peirce, C. S. (1984). Semiótica e filosofia. Cultrix.

Pereira, L. C. B. (1977). A sociedade estatal e a tecnoburocracia. São Paulo: Editora Brasiliense.

Pezzotti, G. (2011). The essence of hospitality and service. In M. Sturman, J. Corgel, & R. Verna (Orgs.), The Cornell School of Hotel Administration on Hospitality: Cutting edge thinking and practice (pp. 5-18). John Wiley & Sons.

Porto, A. (2008). O turismo rural no município de Camboriú: Uma análise sobre o potencial de turistas que veraneiam no litoral da região. Trabalho de Conclusão e Estágio Supervisionado não publicado, Curso de Administração, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), Itajaí, Brasil.

Prado Jr., C. ([1942] 1997). Formação do Brasil contemporâneo. Brasiliense.

Rabelo, D. C. (2003). Comunicação e mobilização social: A Agenda 21 local de Vitória. Tese de Doutoramento, Universidade Metodista de São Paulo, Brasil.

Radcliffe-Brown, A. R. (1922). The Andaman islanders: A study in social anthropology. Oxford University Press.

Rahmatabadi, S., Zamankhani, J. S. & Yazdani, S. (2011). Urban design, Socialization, and quality of life. Australian Journal of Basic and Applied Sciences, 5(12), 210-214.

Rawls, J. (1972). A theory of justice. Clarendon Press.

Reca, Y. G. (2004). Foro cívico por la convivencia: Una experiencia participative en Rivas Vaciamadrid. Psychosocial Intervention, 13(3), 373-382.

Reis, É. V. B. & Venâncio, S. R. (2018). Cidade: Espaço de diálogo e desenvolvimento humano. Revista Direito da Cidade, 10(2), 690-727. https://doi.org/10.12957/rdc.2018.30667

Richards, M. H. & Larson, R. (1989). The life space and socialization of the self: Sex differences in the young adolescent. Journal of Youth and Adolescence, 18(6), 617-626. https://doi.org/10.1007/BF02139077

Sagrero, K. I. (2018). Socializing public space: Benches in the urban setting (Bachelor thesis). Portland State University, United States. https://doi.org/10.15760/honors.658

Sampieri, R. H., Collado, C. F. & Lucio, M. del P. B. (2013). Metodologia da pesquisa. Penso.

Santos, M. (2000). Por uma outra globalização. Record.

Serpa, A. (2007). O espaço público na cidade contemporânea. São Paulo: Contexto.

Soja, E. (1993). Geografias pós-modernas: A reafirmação do espaço na Teoria Social Crítica. (Trad. V. Ribeiro). Jorge Zahar.

Soltani, B. (2018). Academic socialization as the production and negotiation of social space. Linguistics and Education, 45, 20-30. https://doi.org/10.1016/j.linged.2018.03.003

Souza, M. L. de (2002). Mudar a cidade: Uma introdução crítica ao planejamento e à gestão urbanos. Bertrand Brasil.

Swerts, T. (2017). Creating space for citizenship: The liminal politics of undocumented activism. International Journal of Urban and Regional Research, 41, 379-395. https://doi.org/10.1111/1468-2427.12480

Tricárico, L. T., Pires, P. dos S., & Walkowsky, M. da C. (2019). Rural accommodation as a sign of space for consensus: Hospedaria Montanha Beija-Flor Dourado, Morretes (PR-Brazil). Rural Society, 28(3), 212-225. http://dx.doi.org/10.1080/10371656.2020.1726038

Tuero, E. A. del V. (2016). El turismo rural en España: análisis de la evolución del modelo de desarrollo y perspectivas futuras (unpublished Doctoral dissertation). Universidade de Vigo, Vigo, Espanha.

Urquijo-Goitia, J. R. & Paniagua, Á. (2011). Entender a Fermín Caballero: Poder, política y espacio rural en el siglo XIX. Historia Agraria. Revista de Agricultura e Historia Rural, 53, 43-71.

Theimann, M. (2016). School as a space of socialization and prevention. European Journal of Criminology, 13(1), 67-91. https://doi.org/10.1177/1477370815597

Uzunoğullari, E. E. (2019). The role of urban space in socialization and dissociation: Demystification of public spaces (unpublished Master’s thesis). Middle East Technical University, Ankara, Turkey.

Vasconcelos, E. (2002). Complexidade e pesquisa interdisciplinar. Vozes.

Viola, L. (1996). Peasant rebels under Stalin collectivization and the culture of peasant resistance. Oxford University Press.

Volkava, E. (2012). The Kazakh Famine of 1930-33 and the politics of history in the Post-Soviet space. Annals of Kennan Institute, Washington, D. C. [Relatório Parcial de Reunião].

Wiessner, P. (2014). Embers of society: Firelight talk among Ju/’hoain Bushman. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, 111(39), 14027-14035. https://doi.org/10.1073/pnas.1404212111

Wrangham, R. (2010). Pegando fogo: Por que cozinhar nos tornou humanos. (Trad. M.L.X. de A. Borges). Jorge Zahar.